Victor Tavares
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Jornal Taquigráf.

VARIEDADES V

1) As abreviações especiais na escrita taquigráfica.

2) Dicas para concursandos de taquigrafia.

3) Jornalistas: saber ou não saber taquigrafia...quem leva vantagem?

4) Para jornalistas do Reino Unido, a taquigrafia é essencial!

5) A importância da transcrição/tradução no estudo da taquigrafia.

6) O estudo da taquigrafia: quanto mais devagar, mais rápido e profundo
será o aprendizado.

7) O cérebro taquigráfico: um superprocessador.

8) O estudo da taquigrafia é mais ou menos assim.

9) Taquigrafia: uma escrita fonética.

10) Como fazer a marcação de um texto para ditados de velocidade taquigráfica.

11) É preciso bom senso no treinamento da velocidade taquigráfica.

12) Estudo da taquigrafia: cinco perguntas e cinco respostas.

13) Taquigrafia e o Futuro - por: Lityerse Castro.

14) UM DOCUMENTO HISTÓRICO PRECIOSO: Cópia dos originais do "Tratado
de Taquigrafia", trabalho minucioso, em que Afonso Maron lança a teoria do seu
método de taquigrafia. A obra foi elaborada dos 17 aos 20 anos de idade, no
início da década de 30, do século passado.

15) Dissertação, Mestrado em Língua Portuguesa: "Discurso Parlamentar, Estratégia de Retextualização", por Maria Rodrigues de Oliveira, taquígrafa da Câmara Municipal de Guarulhos (SP).
http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=10224

16)SHORTHAND VOCABULARY - Vocabulário taquigráfico em inglês.

17) A taquigrafia fortalece a memória.

 

1)

AS ABREVIAÇÕES ESPECIAIS
NA ESCRITA TAQUIGRÁFICA

Por: Waldir Cury

A escrita taquigráfica é basicamente dividida em três partes:

  1. Sinais básicos
  2. Sinais iniciais ou terminais especiais
  3. Abreviações especiais

 

As abreviações especiais têm como objetivo principal abreviar ao máximo a escrita taquigráfica (economia gráfica) e, com isso, aumentar a fluência e a velocidade.
Tais abreviações são usadas, em geral, para palavras, expressões e até frases inteiras que são muito freqüentes na atividade do taquígrafo. 
Já na escrita comum encontramos centenas e centenas de abreviações:
Sr., Dr., art., pág., etc., sem falar nas siglas. 
A arte de abreviar já é antiga.  Na Roma antiga, as abreviações proliferavam.
Hoje em dia podemos ver uma verdadeira explosão dessas contrações da escrita comum na Internet, principalmente em sites de bate-papo, Orkut, MSN, etc.

vc (você)
flw (falou)
d + (demais)
ñ (não)

Todas essas abreviações visam à economia gráfica, à economia de esforço e à economia de tempo.  É interessante, como vemos nessas abreviações “vc”, “flw”, etc, a supressão das vogais.  E é relevante (é exatamente isso que costuma
acontecer muito nas abreviações taquigráficas) constatar que as vogais, em muitos casos, até na grafia comum, podem ser suprimidas sem prejudicar a compreensão
e a comunicação. 
As abreviações especiais da taquigrafia são chamadas também de “taquigrama”, “convencional”, “sinal convencional”, etc... Os espanhóis chamam tais abreviações
de “gramalogos”; os ingleses, “brief forms”; os alemães “Kürzel”, os franceses, “abréviations”.
Com estes adjetivos, assim se refere Mhartín y Guix, às abreviações taquigráficas especiais, no seu livro “Curso Completo de Taquigrafia Abreviada”.
“excelente recurso da escrita veloz”
“um arsenal de copiosos e valiosíssimos artifícios”
“um rico caudal de recursos taquigráficos”
“um poderoso auxiliar para alcançar velocidades desconhecidas”
“o meio mais racional de facilitar a tradução do sinal”

Ainda segundo Mhartín y Guix:
 “as abreviações taquigráficas especiais constituem um recurso taquigráfico de
suma importância e valor, mediante o qual se consegue imprimir aos sinais taquigráficos maior simplicidade – permitidas pelas regras conhecidas de
supressão – até chegar ao limite máximo da sua simplificação”.
E Julian Eduartes, em seu livro “Curso Completo de Sonigrafia – Taquigrafia Argentina”, assim se expressa a respeito das abreviações especiais:
“Su empleo acelera la escritura y no genera confusión.”
“La lista es infinita, por lo que queda al arbítrio de cada uno el abreviar aquellas palavras de mucho uso em su actividad, seguro de que com ello simplificará aún
más su escritura.” (Seu emprego acelera a escrita e não gera confusão.  A lista é infinita, pelo que fica ao arbítrio de cada um abreviar aquelas palavras de muito
uso em sua atividade, certo de que com  isso simplificará ainda mais a escrita.
)
Basta citar apenas estes dois autores, dentre a legião de autores e grandes
mestres da taquigrafia mundial, que se pronunciaram a favor da criação e do uso
dos “sinais convencionais” na escrita taquigráfica. E o argumento principal que sempre apresentam, usando diferentes expressões, é o da “economia gráfica”.  Quanto mais forem reduzidos os sinais taquigráficos, tanto mais fluente e veloz
será a escrita.
As abreviações são feitas de várias maneiras e seguem critérios técnicos:
Supressão (elisão) de sílabas
Contrações
Apócopes ou supressão do final das palavras
Aleatório
Importante, na criação de um taquigrama, é cuidar para que tal taquigrama não venha a ser confundido, na hora da tradução, com qualquer outra palavra,
expressão ou frase.  Às vezes é comum haver o mesmo taquigramas para várias palavras.  Neste caso, em geral, são taquigramas que se referem a palavras de diferentes categorias gramaticais, que, exatamente por isso, não poderão ser confundidas na hora da tradução.
Veja, no quadro abaixo, alguns exemplos de economia gráfica dos SINAIS CONVENCIONAIS (TAQUIGRAMAS) – no Método Maron.

 

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2)

Dicas para Concursandos de Taquigrafia

Prof. Waldir Cury

 1) Vá munido de dois ou três lápis com as pontas já feitas (melhor se for dos dois lados), ou duas canetas, se você usa caneta (caso uma falhe...)

2) Quando a pessoa que for ditar disser: agora vamos, então, começar a prova, fique alerta para começar a taquigrafar logo que ela começar a ditar a primeira palavra. 
Ou seja, em vez de ficar olhando para a pessoa que for ditar, fique olhando para o bloco e a mão já preparado para "atacar" logo as primeiras palavras. Digo isso
porque há candidatos que ficam olhando para a pessoa que vai ditar e acabam perdendo alguns segundos até começar a taquigrafar.  E em taquigrafia, os segundos contam.

3) Para evitar nervosismo, pense: “o ditado que eu estou escutando é apenas mais
um ditado do curso que estou fazendo, e quem está ditando é o meu professor (a minha professora), com cuja voz e ritmo já estou acostumado”.

4) Existem dois tipos de estresse: o negativo e o positivo.  Pegue o estresse negativo, coloque-o dentro de um saquinho e jogue na lata do lixo, pois não serve para nada,
só serve para atrapalhar.  Use apenas o "estresse positivo", ou seja, aquele desejo de pegar em taquigrafia tudo que está sendo dito, aquela "gana" de pegar.

5) Como são 5 minutos, na medida em que for taquigrafando, ao chegar mais ou menos no segundo minuto, pense: "não houve o primeiro minuto", "o ditado está começando agora" e "eu estou novinha em folha", "vou taquigrafar este minuto que vai ser um show!".

6) Lembre-se: o principal é pegar o que está sendo dito!  De modo que se você não se lembrar de um taquigrama ou de um sinal inicial ou terminal especial, taquigrafe com os sinais básicos.  Digo isso porque há candidatos que entram em pânico só porque
não se lembram na hora que "agora" é um taquigrama.  "Meu Deus!  "Agora" é um taquigrama!  "Eu sei que é um taquigrama, mas não me lembro do taquigrama!" 
Claro que se você se lembrar do taquigrama você o taquigrafará, pois poupa tempo.  Mas caso não se lembre, nada de pânico.  Lembre-se do "estresse positivo" e
taquigrafe com os sinais básicos!

7) Na hora da tradução, preste bem atenção ao assunto.  Isso é importantíssimo. 
Desta forma, esta ou aquela palavra, que você taquigrafou de modo errado ou o sinal não tenha ficado perfeito, poderá até ser traduzida "pelo sentido da frase".  Digamos, por exemplo, a seguinte frase: "As células-tronco embrionárias têm a capacidade de
se transformar em todos os tecidos do ONGANISMO".  Mesmo que você tenha taquigrafado "onganismo", pelo sentido da frase inteira você chegará à conclusão de que a palavra é "organismo".

8) É sempre bom, depois que você tiver feito toda a tradução, fazer uma releitura atenciosa, prestando bastante atenção ao "enredo", ao "tema", ao "sentido das frases". Com esta releitura você poderá até detectar uma ou outra palavra que você tenha traduzido de modo errado e poderá, então, consertá-la antes de entregar a
prova.

9) No dia anterior à prova é aconselhável você espairecer, quem sabe respirar o ar
puro das montanhas, assistir a um bom filme, ir ver vitrines num shopping, ou
desfrutar uma praia para chegar ao concurso todo bronzeado, e assim causar uma
boa impressão nos examinadores!  Não adianta você "se matar" na véspera, porque
só vai se estressar (o estresse negativo) e não vai adquirir velocidade em um dia.

10) Se você for religioso, nada mal pedir uma ajudinha ao seu santo de devoção.

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3)

JORNALISTAS:

 SABER OU NÃO SABER TAQUIGRAFIA

QUEM LEVA VANTAGEM?

Interessante diálogo, encontrado num blog, entre um jornalista americano (que não sabe taquigrafia) e um jornalista do Reino Unido (que sabe).

(NOTA: No Reino Unido, a taquigrafia é matéria obrigatória na formação de um jornalista; nos Estados Unidos, não.)

Em 28 de junho de 2007, 22h10, Roda disse...

“Eu sou repórter há cinco anos e a minha única grande frustração é não saber taquigrafia. 
Por certo eu uso o meu gravador, mas depois você tem de transcrever tudo.  Se você se vê diante de uma pronúncia difícil, como eu me vejo aqui em McAllen, Texas, você tem de escutar trechos da fita várias vezes para poder entender.  Estou procurando um curso online de taquigrafia para repórteres.  Se ninguém ler esta minha postagem, pelo menos eu
desabafei a minha frustração.  Eu perco muita coisa por não saber taquigrafia.”

Em 29 de junho de 2007, 20h9, O Editor disse...
“Olá, Roda – obrigado por postar a sua mensagem, divulgando a sua frustração sobre a situação da taquigrafia entre os jornalistas dos Estados Unidos.  Como repórter no Reino Unido, eu posso imaginar o que seja trabalhar sem taquigrafia.  Todo chamado a que compareço, todo encontro que eu cubro e toda entrevista que eu faço, tudo é registrado
nos meus blocos de taquigrafia.
Se você quer aprender taquigrafia online, há algumas excelentes fontes na Internet para
você usar.
No Reino Unido, nós todos aprendemos o método Teeline.  E há um curso online  completo, disponível em: http://www.geocities.com/coursesite/teeline.htm  Este é um curso excelente e tão bom quanto um manual.  Para treinamento da velocidade, recomendamos os discos WaveMedia’s speedMaz, disponíveis na nossa loja de discos.
Se você quer aprender o método Gregg – que é o favorito aí nos Estados Unidos – há um número de manuais online gratuitos, em http://gregg.angelfishy.net
E você poderá obter suporte e as orientações de que você precisar em: http://groups.msn.com/GreggShorthand/
O grupo – do qual eu sou um membro – é um dos mais amigáveis e prestativos que você poderia desejar.  Inscreva-se e comece a aprender!
Todavia, você terá de estar bastante motivado e persistir no aprendizado, pois é mais difícil aprender sozinho e online (eu estou aprendendo Gregg sozinho) do que em aulas presenciais.  Mas boa sorte!
O Editor.

Endereço do BLOG de onde foi traduzido o diálogo acima:
http://www.shorthandworld.co.uk/2007/02/do-we-really-need-shorthand-these-days.html

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4)

PARA JORNALISTAS DO REINO UNIDO,
A TAQUIGRAFIA É ESSENCIAL!

Ao contrário de outros lugares, onde a taquigrafia foi desbancada em prol da tecnologia, os jornalistas do Reino Unido, mais sensatos, dão valor às duas ferramentas de captação da fala e da notícia: a tecnologia e a taquigrafia.
O NCTJ, National Council for the Training of Journalists, (Conselho Nacional para o Treinamento dos Jornalistas) inseriu, como matéria na formação dos jornalistas, o aprendizado do método de taquigrafia Teeline (pronúncia = tí-láin).
O método Teeline foi desenvolvido em 1970 por James Hill, um professor do Sistema de Taquigrafia Pitman.  Insatisfeito com o tempo que se gastava para o aprendizado do Pitman, James Hill procurou criar um método de fácil aprendizagem.                Os sinais do Teeline são baseados nas letras cursivas do alfabeto comum. Letras desnecessárias das palavras foram removidas para conseguir uma maior velocidade na escrita.  Só as vogais iniciais e finais são taquigrafadas.  As vogais mediais são simplesmente eliminadas. 
O método Teeline é tido como um método fácil de aprender, exatamente pela semelhança de alguns sinais taquigráficos com algumas letras (ou parte de letras) do alfabeto.
James Hill nasceu em Bradford, Inglaterra, em 19 de maio de 1908, e tornou-se professor do método Pitman aos 21 anos de idade.
Possuidor de uma mente criativa, James criou primeiro um sistema chamado “Boscript”, em 1952.  O método foi ensinado a enfermeiras. 
Depois de dedicar-se intensivamente no aperfeiçoamento do Boscript, acabou criando o Teeline, exatamente na época em que foi indicado para ministrar aulas de taquigrafia para jornalistas no Clarendon College de FE, em Nottingham.
Os resultados obtidos durante esses anos pioneiros foram impressionantes e o sistema Teeline foi recomendado ao NCTJ em 1968.
Em novembro de 1968, Harry Butler, em seu relatório sobre o curso inaugural, escreveu: “Temos em nossas mãos um verdadeiro sucesso em matéria de taquigrafia, que certamente irá resolver muitos problemas... Eu nunca havia conhecido um sistema de taquigrafia que tenha produzido resultados tão bons em tão pouco tempo.”
James Hill faleceu em 2 de junho de 1971.  Sua esposa, Constance, professora altamente qualificada do Sistema Pitman desde 1949, continuou a promover o método Teeline no
Reino Unido e no Exterior.



James Hill



James Hill e sua esposa Constance Hill

Site do NCTJ, com indicação dos Centros e Universidades onde se pode fazer o Exame
de Taquigrafia (com indicação das velocidades):
http://www.nctj.com/moreshortdispaly.php?sid=13&qid=guide

Página do website da  NCTJ, com a lista dos jornalistas aprovados em taquigrafia (com a respectiva velocidade taquigráfica)
http://www.nctj.com/moreshortdispaly.php?sid=11&res_id=res_id

Página do site da Universidade de Westminster, oferecendo curso de taquigrafia para jornalistas: http://www.geocities.com/coursesite/teeline.htm

Página do site do Departamento de Mídia e Comunicações do Goldsmiths College: http://www.ma-radio.gold.ac.uk/shorthand/teeline1.htm

O Pai Nosso (em inglês) no método de taquigrafia Teeline.

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5)

A IMPORTÂNCIA DA TRADUÇÃO/TRANSCRIÇÃO
NO ESTUDO DA TAQUIGRAFIA

Prof. Waldir Cury

Lembro-me da minha saudosa professora de taquigrafia, quando ia à sua casa para ter aulas particulares de velocidade taquigráfica. Além do saboroso cafezinho que mandava a empregada me oferecer no meio da aula, sempre pedia que eu lesse o ditado, tão logo acabava de taquigrafar.
Era assim: ela ditava, por exemplo, um ditado de cinco minutos na velocidade de 80 palavras por minuto. Ao terminar, ela costumava perguntar: “que tal?” Eu respondia: “fui bem”, ou “fui mais ou menos”, ou ainda “fui mal”. Em qualquer dos três casos, a ordem da Dona Conceição Ballalai era sempre a mesma: “Leia!”, “Leia o que você conseguiu pegar!” Neste ponto não havia negociação. A regra era uma só: taquigrafou, leu.
Hoje costumo fazer o mesmo com os meus alunos. Após o ditado, vem o ditame: “Leia!”
Explico aos alunos que a taquigrafia não é um fim em si mesma, é apenas um meio. Qual é o fim? É a tradução! Podemos até fazer a seguinte comparação: os sinais taquigráficos seriam a “gravação” daquilo que se ouve. E a tradução, a “degravação”.
Na verdade, os símbolos taquigráficos são meros “rabiscos”, muitas vezes só compreensíveis para aquele que taquigrafou. Não raro é difícil a um outro taquígrafo do mesmo método traduzir o que alguém taquigrafou. Por quê? Porque cada pessoa tem, como na grafia comum, um modo peculiar de escrever.
Na taquigrafia, as imperfeições que alteram significativamente o tamanho dos sinais (para mais ou para menos), as posições de sinais significantes de sons colocadas de maneira errada e até mesmo a troca (erro) de um sinal por outro dificultam a leitura.       Acresce a isso ser muito comum um taquígrafo inventar para si alguns sinais iniciais, terminações e sinais convencionais. Tais “códigos pessoais” são difíceis ou até mesmo impossíveis de serem decifrados por outro taquígrafo do mesmo método. 
Esse fato não deve ser olhado com estranheza, pois é muito comum na escrita ordinária uma pessoa não conseguir ler o que outra pessoa escreveu. E também não é raro alguém escrever apressadamente e depois não conseguir ler a própria grafia.
 Quem já não teve dificuldade de entender uma receita médica? Por que não entendemos? Porque as letras foram deturpadas de tal maneira que viraram garranchos difíceis de decodificar. O “a” não é mais “a”, o “f” parece um “L”, o “t” não é cortado, o “i” não tem o pingo, o “m” é uma linha reta, etc. Só um farmacêutico experiente – e muitas vezes levado mais pela intuição - consegue decifrar  aquela garatuja. 
Quanto à taquigrafia, a tradução deve ocupar lugar de destaque no aprendizado, já desde as primeiras aulas, e principalmente quando se começa a treinar ditados de velocidade.
Ao ler aquilo que acabou de taquigrafar, o aluno poderá saber quais as palavras que não taquigrafou corretamente e por isso não conseguiu traduzir. Desta forma, identificando as falhas, os sinais malfeitos, os sinais trocados, o aluno vai vendo o que precisa aperfeiçoar, que ponto do método precisa ainda repisar, que palavras deve treinar mais.  
A par disso, a leitura tem o grande poder de ajudar na fixação dos sinais básicos, terminais e iniciais, bem como dos sinais convencionais. Funciona como uma “memória visual”.
Como em toda aquisição de uma habilidade, no começo haverá dificuldades para traduzir, mas com a continuação o aluno verá que a leitura taquigráfica começará a ficar cada vez mais fluente.
Um aluno que adquire o hábito de traduzir tudo que taquigrafou (oralmente ou digitando no computador) aumenta a perspicácia, a sensibilidade e a intuição de deduzir pelo contexto, a ponto de conseguir ler uma palavra mal taquigrafada.
Certa vez, depois de um concurso de taquigrafia, uma candidata me procurou para ter aulas comigo e me disse: “Professor, o senhor não vai acreditar, no ditado de taquigrafia eu peguei tudo, tudo, tudo! Mas não consegui traduzir nada!”   Minha resposta não poderia ser outra: “Bem, você pensa que pegou tudo! Mas se você não conseguiu traduzir nada, você não pegou nada! Você fez apenas rabiscos!” E acrescentei: vamos, então, agora, aprender taquigrafia como deve ser aprendida: LEIA!

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6)

O ESTUDO DA TAQUIGRAFIA:
QUANTO MAIS DEVAGAR,
MAIS RÁPIDO E PROFUNDO SERÁ O APRENDIZADO!

Por: Waldir Cury

Há, em latim, um provérbio muito usado pelos antigos, e que expressa uma grande  sabedoria: “Festina lente,” “Apressa-te devagar”.  Esta era uma das frases preferidas do imperador Augusto, segundo Suetônio (Vida de Augusto, capítulo 25).
Tais  palavras, “festina lente” foram inscritas ao redor de umas medalhas mandadas cunhar pelo imperador Vespasiano.  Essas medalhas traziam a efígie do imperador de um lado, e do outro uma âncora unida ao delfim, símbolo muito usado pelos antigos e que significava a firmeza de intenção unida à presteza na execução.
O conceito de “a maior pressa é o maior vagar” já está expresso em vários idiomas.  Os alemães dizem “Eile mit Weile”, os ingleses “More haste, less speed”.  Os italianos têm dois provérbios muito conhecidos: “Piano piano se va lontano” (Devagar, devagar se vai longe.), e “Adagio, perché ho fretta” (Devagar porque tenho pressa.).
Os franceses também nos oferecem a mesma sabedoria por meio de dois provérbios: “Plus on est pressé, moins on va vite.” (Quanto mais apressado, menos depressa se vai.) e “Qui trop se hâte reste en chemin.” (Quem muito se apressa fica no meio do caminho.)
Os espanhóis dizem: “La prisa es mala consejera.” (A pressa é má conselheira.)
A sabedoria das frases acima ensina-nos que convém ir devagar para executar um trabalho bem feito (A pressa é inimiga da perfeição!) e que se fizermos com pressa corremos o risco de parar no meio do caminho (Quem corre cansa!).
 Podemos acrescentar aqui o conhecido dito popular “Quem tem pressa come cru!”, no sentido de que se comermos depressa acabaremos por não digerir bem.  Não digerir bem significa não absorver todos os nutrientes vitais.  Levando este provérbio para o estudo da taquigrafia, não digerir bem significa não compreender as regras a fundo, não assimilar de modo sólido os sinais taquigráficos, não usar de modo proficiente as ligações dos sinais, não
ir ao âmago do método.  Significa um estudo de afogadilho, um estudo superficial, com resultados medíocres.
Muito conhecida é a fábula de Esopo, “A Lebre e a Tartaruga”, em que a lebre perdeu a corrida para a tartaruga porque ficou cansada por correr demais, deitou e dormiu no meio do caminho.  Enquanto isso, a tartaruga continuou a caminhada com o seu passo lento mas firme e acabou ganhando a corrida.  Devido a essa façanha da tartaruga, que ganhou a corrida com a lebre porque foi devagar, surgiu um novo provérbio, para expressar mais uma sabedoria: “A tartaruga conhece melhor o caminho do que os coelhos”.  Conhece melhor o caminho porque foi devagar e teve tempo para ir olhando cada trecho do caminho, cada pedra, cada obstáculo, e ao mesmo tempo teve oportunidade de apreciar a paisagem.
No estudo da taquigrafia, sem dúvida nenhuma, conhece melhor o caminho aquele que faz um estudo com calma, metódico, aplicado, procurando digerir cada lição, e, mais adiante, dedicando-se de corpo e alma no treinamento de cada etapa da velocidade taquigráfica.
No estudo da taquigrafia há muito que aprender, muito que memorizar, muito que exercitar.  Precisamos imitar as tartarugas!

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8)

O ESTUDO DA TAQUIGRAFIA É MAIS OU MENOS ASSIM

Prof. Waldir Cury

Um aluno começa um curso de taquigrafia. Há duas etapas bem distintas no aprendizado da taquigrafia: o aprendizado dos sinais taquigráficos e o treinamento da velocidade.
Na primeira etapa, o aluno começa aprendendo os primeiros sinais taquigráficos, vai formando algumas palavras.  Fica eufórico, fica todo contente.  Prossegue.  Na medida em que avança nas lições,  faz uma série de exercícios preparados “tecnicamente”  para ajudar na assimilação dos sinais.
 O estudo continua.  Novos sinais são aprendidos.  Dúvidas vão surgindo aqui, outras ali, várias acolá.
Mais lições.  Mais exercícios.  Exercícios de reforço!  A cada passo, testes para aquilatar a absorção das regras e dos sinais taquigráficos.
“Professor, está acontecendo uma coisa interessante comigo: às vezes estou andando na rua, olho para um letreiro e fico taquigrafando as palavras do letreiro na mente!  Outro dia me peguei taquigrafando fazendo movimentos com o dedo no ar...isso é normal?”
“Isso é normal e muito importante”, responde o professor.  “Sinal que você está totalmente engajado no aprendizado dos sinais taquigráficos e a mente não quer perder uma só oportunidade de treinar...”  
Abreviaturas para decorar!  A ordem é: repetir, repetir e repetir! 
O estudo avança.  Novos exercícios, novas lições, mais testes.
Cuidado na perfeição dos sinais! Senão não vai conseguir traduzir!
Leituras!  Dificuldades de ler os sinais taquigráficos.  Sinais que nem pelo sentido da frase consegue traduzir!  Frustração...  Incentivo do professor.  Novo ânimo!  Vai-se caminhando ... “Um dia eu chego lá...”
O estudo continua.  Dificuldades aqui, pequenas vitórias ali.
Finalmente o método está aprendido!  Aprendido?!  Sim ...mas não tanto!  É preciso aprofundar ...!
O processo de aprendizado continua.  Mais sinais para assimilar!
A memória às vezes trai.  Ufa!...Como é mesmo o sinal para a terminação “bilidade”? 
O professor traquejado nesses súbitos cochilos da memória,  sem demonstrar qualquer impaciência, repete para o aluno a terminação “bilidade”. O professor sabe que terá de martelar, repetir quantas vezes forem necessárias!  O professor sabe que terá de repetir incontáveis vezes as terminações, os sinais, as abreviações, pois é esta a função do professor: ser o facilitador da aprendizagem, o incentivador!
Finalmente chegou a hora de taquigrafar.  Cópias, cópias e mais cópias!  Cópias de trechos de jornais, cópias de revistas, cópias de tudo.  É preciso copiar em taquigrafia, é preciso taquigrafar!  Aprende-se a taquigrafar taquigrafando.
Cópia, correção da cópia!  O esforço de assimilação dos sinais deve continuar!  O aperfeiçoamento dos sinais, a correção dos sinais deve prosseguir! E vai continuar por muito tempo!  Foi assim com a alfabetização da grafia comum e deve ser assim com a “alfabetização” da taquigrafia.  Uma habilidade adquire-se assim: estudo aplicado, treino, treino, treino!  Nada de desânimo, hein! 
Oba! Chegou a hora de começar o treinamento da velocidade taquigráfica!  Hoje taquigrafei pela primeira vez um ditado! E não é que eu estou conseguindo taquigrafar mesmo?   É, mas que pena,  não estou conseguindo taquigrafar o ditado inteiro de cinco minutos!  Só consigo um minuto ou dois.  Depois começo a perder palavras...
O professor entra em ação: “Isso é assim mesmo!  É assim com todo mundo!  Continue treinando os ditados que aos poucos você vai amadurecendo nesta velocidade.  A cada aumento de velocidade você vai ter essa sensação de que “não está conseguindo”.  Mas com o estudo continuado, com o treinamento metódico...”
Epa!  O aprendizado do método ainda não está superado!  Eu já estou em 60 e ainda tenho uma porção de dúvidas!  Claro!  Sabe por quê?  Porque a etapa do aprendizado do método ainda está em andamento e vai durar um bom tempo, um longo tempo, muito tempo!  E é assim também com a grafia comum.  Sabe como se escreve o fruto daquela trepadeira?  É “chuchu” ou “xuxu”?  Xii..me pegou! 
Novas dúvidas sobre sinais vão surgindo a cada momento.  “Professor, como é que se taquigrafa a palavra tal....eu devo usar os sinais biconsonantais ou triconsonantais?”  Professor, como é mesmo o sinal convencional para “por exemplo”?
“Professor, hoje eu trouxe uma listinha de dúvidas ...o senhor pode me esclarecer agora ou prefere esclarecer no final da aula?”
“Vou esclarecer agora.  As explicações para as suas dúvidas vão servir também para os outros alunos.  O que não pode é você ficar com dúvidas...”
De vez em quando aparecem alunos “contestadores”.  “Professor, esta semana eu estava em casa, e de repente me veio à mente o seguinte: o senhor disse que “contém” e “contêm” são taquigrafados da mesma maneira.  Mas o som das duas palavras não é diferente?  Em “contêm” não se escuta o som de duas vogais?  Ora, se há o som de duas vogais, “na minha modesta opinião”, eu teria de colocar um ponto indicativo do som de duas vogais...”
O professor então responde, contente de ver o interesse demonstrado pelo aluno: “Tecnicamente falando....sim, mas não há necessidade desse ponto, pois na tradução você saberá, pelo sentido, que o verbo está no plural...”
Há também os alunos “criativos”, que trazem propostas de sinais novos para o método.  “Professor, eu tenho notado, quando taquigrafo, que aparece muito a terminação “rio, ria, rios, rias”.  O senhor não acha que deveríamos inventar um sinal especial para esta terminação?  Traria enorme economia gráfica e maior rapidez!” O professor estuda a
sugestão e aprova: um novo sinal é incorporado ao método!
Toda interação professor-aluno é salutar e traz enormes benefícios.  Afinal, um método de taquigrafia é como uma língua viva: está sempre em permanente mudança, em constante aperfeiçoamento.  Novas palavras vão surgindo, novas abreviações vão sendo criadas.  Há alguns anos não se falava em “Direitos Humanos”.  Hoje a expressão “Direitos Humanos” costuma ser usada nos discursos.  Um sinal convencional é, então, necessário e é criado.  Apenas um “d” taquigráfico com dois pontos embaixo.  Que economia gráfica fantástica!  Como ajuda na velocidade!

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9)

TAQUIGRAFIA – UMA ESCRITA FONÉTICA

Por: Waldir Cury

A taquigrafia é uma escrita fonética. Vale dizer, cada símbolo taquigráfico representa um som, independentemente da ortografia ordinária.
 Esta característica dos métodos de taquigrafia existentes hoje deve-se a Samuel Taylor, professor de Oxford, que publicou, em 1786, o livro “An Essay Intended to Establish A Standard for an Universal System of Stenography, or Short-Hand Writing” (Um Ensaio Visando a Estabelecer um Modelo para um Sistema Universal de Estenografia, ou Escrita Abreviada.)
Tão grande foi a influência do método de Taylor nos métodos que foram inventados até os nossos dias, a saber, , uma taquigrafia como escrita-fonética,  que Taylor passou a ser conhecido como “O Pai da Taquigrafia Moderna”.
Taylor criou um sistema de taquigrafia realmente revolucionário, exatamente porque conseguiu estabelecer um parâmetro único para os sinais taquigráficos: o som.
Ao contrário dos autores dos métodos precedentes, que costumavam usar comparações dos signos taquigráficos com os signos da grafia comum, com a etimologia,  e mesmo as relações dos sinais com a gramática, para Taylor, só uma coisa interessava: o som!
  E a premissa em que se baseava estava correta: se a taquigrafia tem por finalidade primeira a captação do que é falado, do que é pronunciado, basta um sistema gráfico que capte os sons que o taquígrafo ouve.
Taylor estudou muito antes de criar o seu método.  Assim ele se expressou:

"No transcurso da minha dedicação a este estudo, examinei minuciosamente mais de
quarenta publicações e manuscritos sobre Estenografia; alguns deles, sem dúvida, têm
suas perfeições; mas não há nem um com o qual eu esteja plenamente satisfeito."

Vamos ver agora como Taylor teve razão e como foi prático ao idealizar o seu método de taquigrafia fonética, simplificando ao máximo os problemas resultantes da ortografia ordinária. 

Nós temos, no nosso alfabeto, letras cujo som é sempre o mesmo, qualquer que seja a posição que elas ocupem na palavra.  Por exemplo: as letras “v, p, b, f, d, t”.  Mas, por outro lado,  há algumas letras que podem representar mais de um som, conforme estejam localizadas no começo ou no final da sílaba.  Por exemplo: as letras “s, l, m, n”.

A letra “g” pode ter dois sons, como em “gato” e “gelo” (nesta última palavra, tem o som de “j”).
A letra “s” pode também ter sons diferentes, de acordo com a posição.  Veja: “sabe”, “casa”.
A letra “s” dobrada terá o som do “ç”: “massa”.
As duas letras “sc”, em algumas palavras, tem o som de “ç”, como em “nascer”.

O “x” pode ter cinco pronúncias:

(ch) xícara, enxoval, peixe
(cs) anexo, complexidade, látex
(z) êxodo, exame, êxito
(ss) aproximar, máximo, auxiliar
(s) fênix, sexto, contexto

Taylor praticamente eliminou as “dificuldades ortográficas” no seu método. 

Taylor criou, então, uma relação sinal-som!