Ditado para Aulas 
Ditado para Aulas 
130/130 - 5 min - 650 palavras 
Orador: FEU ROSA 
Data: 23/11/06 
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CD 
Senhor Presidente, pedi ao Ministério Público Federal que promovesse 
uma profunda investigação na aplicação de todos os recursos que por meu 
intermédio foram destinados ao Espírito Santo. Pedi ao Tribunal de Contas da 
União 
| uma 
completa auditoria em todos os convênios e execuções em que foram aplicados os 
recursos que consegui liberar ao longo dos onze anos de mandato. Todos foram 
precisos ao informar que nada haviam encontrado de errado 
|| nas aplicações 
realizadas. Mesmo assim, os articuladores das maldades mantiveram-se firmes, e 
conseguiram incluir meu nome na relação dos citados na CPMI dos Sanguessugas. As 
investigações aprofundaram-se de maneira absoluta 
||| , sob o 
escrutínio de dezenas de pares de todos os partidos. Nada desabonador foi 
encontrado a meu respeito. Inclusive recebi do meu colega Fernando Gabeira um 
depoimento dos mais sinceros, que atestava a minha inocência sobre 
 
  
 qualquer denúncia existente na CPMI. Mas, para a minha surpresa, a 
menos de quinze dias das eleições meu nome foi enviado pela Procuradoria Geral 
da República para o Supremo Tribunal Federal, para que se promovessem 
| investigações. 
Os responsáveis pela CPMI enviaram à PGR todo material que lhes chegou, oriundo 
dos depoimentos dos donos da PLANAM, e a PGR certamente despachou para o Supremo 
esse mesmo material examinado pela 
|| Comissão, que 
me isentou totalmente de qualquer envolvimento. Ora, não é desonra para ninguém 
ser investigado. Eu mesmo cobrei investigações. E tendo em vista que eu não 
logrei êxito em meu projeto de reeleição, será que 
||| meus 
adversários políticos não foram saciados em seus objetivos? Temos de nos curvar 
à máxima de Rui Barbosa de que o conflito dos antagonismos descobertos é a 
melhor garantia de nossa moralidade. Num ambiente democrático e 
 
  
 republicano, nada mais salutar e normal que uma investigação, 
principalmente para um homem público. É um fato normal, mesmo em véspera de 
eleições. Mas o foro de escândalo proporcionado pela CPMI 
| amplificou a ira 
e o ânimo vituperioso dos meus adversários políticos, que se tornaram mais 
ousados e radicais em seu comportamento pouco cristão. Evidentemente o prejuízo 
eleitoral que levei foi muito forte, e isso deve tê 
|| -los satisfeito 
plenamente. Passado o pleito eleitoral, volto a lembrar Calderón de la Barca: 
“ao homem é permitido tudo, menos o ultraje de sua honra”. Agora, em seus 
depoimentos, constatamos que a servidora pública Maria da Penha Lino 
||| muda a sua 
fala, desdizendo tudo que afirmara à Polícia Federal, ao Ministério Público e à 
CPMI. Agora vemos os donos da PLANAM tirarem de sua lista particular o nome de 
vários 
 
  
 colegas que antes das eleições estavam sendo apontados como corruptos 
- mas o mal já foi feito. Essa situação leva-nos a perguntar: por que faltaram 
com a razão? Por que faltaram com a verdade? Por 
| que acusar 
tantos inocentes? E, pior: de quem cobrar tudo isso? Diz-se, quanto aos 
componentes da famigerada lista das sanguessugas, que a CPMI não terá tempo de 
apurar e analisar todas as 
|| defesas. Tudo 
será novamente enviado ao Ministério Público. E volto a indagar: quem pagará o 
sofrimento de todos os que já foram inocentados? Quem os compensará pelo mal que 
lhes foi causado? E quanto àqueles 
||| que ainda 
penam no mar da dúvida e das ameaças? Quem pagará pelo meu sofrimento, pela 
angústia da minha família, pelo constrangimento por que passaram meus amigos, o 
povo capixaba, o povo brasileiro, a quem 
 
  
 devo todo o respeito? O que houve foi uma verdadeira onda do mal, que 
se ergueu contra a nossa democracia, fazendo com que os direitos de muitos 
representantes de milhões de cidadãos e cidadãs não tenham 
| sido e continuem 
não sendo respeitados. Foi e continua estampada a vulnerabilidade do Congresso 
Nacional, e, conseqüentemente, também a fragilidade da nossa democracia. Aqui 
nesta Casa encontra-se uma mostra fiel de nossa sociedade, do que somos 
|| como cultura e 
povo. Conto com esta nova geração de Parlamentares que está para chegar para 
nortear as visões de um caminho neutralizador com um conjunto de medidas, 
provavelmente delineadas numa verdadeira reforma política 
||| . Lembro que é 
verdadeira e categoricamente imperativa a volta da coincidência de mandatos, 
assim como a extinção dessa absoluta irracionalidade de se fazerem eleições 
nacionais de dois em dois anos. Escrevi até um livro sobre essa 
 
 